Alberto Carneiro

Alberto CarneiroCoronado ¶ 1937

 

  Alberto Carneiro
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Abílio Leitão

Nasceu numa aldeia do Minho, onde trabalhou, de 1947 a 1958, em oficinas de arte religiosa, desenvolvendo várias técnicas escultóricas em torno da madeira, pedra e marfim. Estudou na Escola de Artes Decorativas Soares dos Reis e António Arroio, licenciando-se em Escultura na ESBAP tendo pouco depois realizado uma pós-graduação na Saint Martin's School of Art, em Londres. Desde final dos anos 60, a acção de Alberto Carneiro tem vindo a organizar-se, de modo interdisciplinar, em torno de uma espécie de jogo de reconhecimento do ser no mundo, a partir do cosmos simbolizado pela natureza. Durante a sua estada em Londres contacta com a escultura de Anthony Caro e com as experiências estéticas e ideológicas do final da década de 60, nomeadamente a arte minimal e conceptual britânicas. Desenvolve então alguns projectos inovadores para o contexto português, entre os quais O canavial: memória metamorfose de um corpo ausente (1968) e Uma floresta para os teus sonhos (1970) que revelam uma atenção especial aos valores de uma arte de "envolvimento", que abandona a primazia do trabalho manual para considerar o projecto conceptual, numa progressiva desmaterialização da obra de arte. Esta visão antropológica da criatividade artística combina-se com uma aproximação às filosofias orientais da essência e da natureza (budismo zen, tantrismo) e levam-no a elaborar o Manifesto de Arte Ecológica (1968-72) que repudia o dualismo ocidental sensualidade/espiritualidade e promove "a reabilitação das coisas mais simples no significar da comunicação estética". Dos projectos então apresentados, destacam-se as intervenções na paisagem (de inspiração Land Art) como a Operação estética em Vilar do Paraíso (1973), marcada pela mínima acção sobre um conjunto de medas de palha de milho, ou ainda como na Operação estética em Caldas de Aregos onde o artista grava (marcação) na pedra o símbolo da espiral, a sua assinatura e a data da intervenção (nomeação e posse). O desejo de origem e regresso à essência do cosmos traduz-se nesta obra num apelo extremo e puro da natureza, entre o fazer e a reflexão, na identificação da unidade entre corpo e matéria.


Bibliografia

 

 

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