N.º 3, Dezembro de 2004
Editorial
PLS e PLE: investigação
e ensino
Conceitos e métodos na aprendizagem de PLE
Hipóteses sobre transfer na aquisição da LS
Notas de leitura
Ficha técnica
Números publicados
N.º 1 - Abril 2004
N.º 2 - Outubro 2004
N.º 3 - Dezembro 2004
N.º 4 - Abril 2005
N.º 5 - Dezembro 2005
N.º 6 - Dezembro 2006

Culture Bound - Bridging the Cultural Gap in Language Teaching

Joyce Merrill Valdes (edited by)
Cambridge University Press, 1986


Culture Bound - Bridging the Cultural Gap in Language Teaching

Culture Bound é uma obra que se centra nas questões relativas à cultura no ensino/aprendizagem de uma língua não materna. Consiste numa antologia de dezoito textos de investigadores da área, tendo como objectivo fornecer aos professores de língua tanto bases teóricas, como ideias práticas para a introdução da componente cultural no seu ensino.

A obra está alicerçada em três partes, as quais são apresentadas de forma sequencial:

I. Language, thought, and culture;

II. Cultural differences and similarities;

III. Classroom applications.

A primeira parte é composta por quatro textos que se centram na relação língua/cultura sob uma perspectiva teórica, fornecendo as bases necessárias à compreensão das partes seguintes.

A segunda é dedicada à apresentação de aspectos culturais de alguns grupos, podendo ser úteis ao professor, no sentido de melhor compreender a conduta de determinados alunos e/ou grupos de alunos.

Na última parte encontram-se os textos que focam aspectos práticos relativos ao ensino da cultura em sala de aula. São apresentadas sugestões de estratégias e materiais, ilustrando em termos práticos o que é preconizado pela teoria anteriormente apresentada.

Sendo a dimensão cultural incontornável no ensino de uma língua, esta é uma obra que assume aí um papel determinante. A sua abordagem, de ordem teórica e prática, apresenta-se, sem dúvida, em prol de um melhor e mais eficaz ensino da cultura nas aulas de língua não materna e de tudo o que com ela se relaciona (os próprios alunos e professores e a sociedade que os envolve).

Magda Silva


Learning Second Language Through Interaction

Rod Ellis
Amsterdam: John Benjamins Publishing, 1999


A presente obra de Rod Ellis está organizada em cinco secções. A primeira destas centra-se no conceito de interacção e na definição deste sob diferentes perspectivas que, ora defendem o carácter central da interacção, ora a localizam perifericamente no decorrer da aprendizagem de uma língua segunda. O estudo de Rod Ellis traça, nesta secção, o objectivo de responder a três questões essenciais acerca da interacção:

Em que medida o input recebido a partir da interacção contribui para a aprendizagem de uma língua segunda?

Que tipo de interacção promove a aprendizagem da língua?

Que modelo pedagógico de interacção leva a uma maior proficuidade na aprendizagem da língua em sala de aula?

A secção 2 particulariza o papel da interacção no que concerne à aquisição de itens lexicais por parte de um aprendente de uma L2. Neste ponto, assume particular relevo o quadro que apresenta, de forma sistematizada, um conjunto de factores potencialmente condicionadores da aquisição de vocabulário a partir do contacto com input oral.

A secção seguinte aborda a gramática sob o ponto de vista da interacção, encarando o ensino da gramática positivo a partir de actividades estrategicamente concebidas para serem executadas a pares ou em grupo. Objectiva-se, deste modo, a comunicação desenvolvida entre alunos como adjuvante ao conhecimento do tópico gramatical em causa, por parte do aprendente, em vez da prática de sucessivos exercícios sobre o mesmo tópico.

A interacção ao nível da comunicação oral constitui o mote para a secção 4, denominada “Pedagogical Perspectives”. A notoriedade desta sequência deve-se ao facto de coligar a informação obtida a partir de estudos linguísticos apresentados em páginas anteriores e a prática que, consequentemente, se defende em sala de aula.

Numa rede conceptual construída em torno do controlo discursivo, Ellis, ao longo do texto encabeçado pelo título “Making the Classroom Acquisition Rich”, polariza as formas de interacção que têm lugar em sala de aula em dois modelos: um centrado na actividade discursiva, outro no tópico discursivo.

O primeiro revela-se menos profícuo quanto à utilização que o aprendente faz da língua-alvo do que o segundo. Ellis defende, assim, a interacção centralizada no tópico. Segundo este modelo, o professor é quem, ao nível da interacção, lança um tópico discursivo. O aluno poderá chegar a um subtópico subsequente, passando a deter o controlo discursivo.

A aprendizagem da língua, segundo esta abordagem, torna-se mais fecunda quando o aprendente se centra no que diz em detrimento da forma como o diz. O modelo de interacção, pelo qual Ellis intercede, antevê pedidos de clarificação de significados por parte dos aprendentes, encontrando na interacção um meio de aprender, mais do que um objectivo para a aprendizagem da língua segunda.

Vera Silvestre


© Instituto Camões 2004