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"Conceitos e métodos na aprendizagem do Português como língua estrangeira. Português Mais um manual escolar em análise". Joaquim Manuel da Esperança 1
Resumo: Tendo em conta a perspectiva de quem ensina, a aprendizagem duma língua estrangeira exige uma constante actualização dos conhecimentos relacionados com a didáctica e a prática dessa língua. O aluno que aprende uma língua estrangeira não parte do zero absoluto, como é óbvio. Ele traz consigo saberes que a língua materna lhe proporcionou. Nesse sentido, o QECR (Quadro Europeu Comum de Referência) tipifica os domínios que interessarão ao aprendente: o privado, o público, o profissional, o educativo. Todos eles remetendo para a ideia de cultura, pois não se aprende uma língua sem se perceber o contexto em que ela vive. A perspectiva interaccionista, de entre todas as possibilidades teóricas apontadas, é sem dúvida a que mais garantias parece oferecer, uma vez que leva o aluno a ganhar autonomia na construção do seu discurso. Os métodos e estratégias de aprendizagem devem considerar princípios gerais, como, por exemplo, os referidos no QECR, que chamam a atenção para a necessidade de basear o ensino nos interesses dos alunos, definir objectivos claros e realistas, usar métodos e materiais adequados e avaliar programas de aprendizagem. Alguns autores reforçam a questão do método, destacando aspectos tão importantes como a necessidade de se prestar mais atenção ao processo de aprendizagem do que ao fim para que ela remete, bem como de se incentivar o aluno a correr mais riscos, perdendo o medo do erro. Concretamente, o conceito de competência comunicativa, de Hymes, complementado por outros autores, contribuiu bastante para o desenvolvimento de novas ideias no domínio do ensino das línguas estrangeiras, pois engloba tanto o conhecimento da língua como a capacidade de a usar (competência gramatical, sociolinguística, discursiva e estratégica, para uns; competência linguística, sociolinguística e pragmática, para o QECR). O papel do professor deverá ser, preferencialmente, o de quem se preocupa com o ambiente pedagógico e didáctico que favoreça a aprendizagem, procurando responsabilizar o aluno enquanto elemento activo na procura de informação. Simultaneamente, o professor deverá ter em conta, sempre, os princípios orientadores da sua actividade os objectivos, quer gerais, quer específicos, de acordo com as orientações das instituições de que depende. O manual Português Mais, destinado a alunos de nível avançado, embora tenha qualidades indiscutíveis, não deixa, no entanto, de apresentar algumas limitações, pelo facto de não referir objectivos, bem como por não apresentar orientações conceptuais claras. 1 Joaquim Esperança nasceu a 2-2-56, em Monfortinho, distrito de Castelo Branco. |
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