|
História da Literatura Portuguesa | Origens da Literatura Portuguesa | Língua Portuguesa | Literatura oral | Ficção | Lirismo |
Literatura de viagens | Cantigas de amigo | Historiografia | Prosa doutrinal |
Camões
|
|
Considerado o poeta da nacionalidade, através da epopeia moderna Os Lusíadas, Luís Vaz de Camões teve uma existência atribulada, atendendo ao pouco que dela se conhece. Estudou em Coimbra, esteve em Ceuta e lutou na Índia, tendo entretanto perdido um olho, e, após o seu regresso a Lisboa, frequenta o Paço, mas vive com dificuldades, de uma pensão régia exígua, não vendo reconhecido o seu mérito.
O Gigante Adamastor. Imagem inserta em Os Lusíadas, Lisboa, Marujo Editora, 1985 |
Nascido em 1525, morre em 1580, após o que a sua reputação como grande poeta se firma e não cessa de aumentar, sobretudo depois da perda da independência, cujo sentimento a sua epopeia intensifica.
Cultivou também o teatro, mas afirma-se sobretudo na poesia lírica (Rimas), com grande variedade de géneros: sonetos, canções, éclogas, redondilhas, etc..
É o grande poeta do maneirismo português, pela filiação na tradição clássica à maneira renascentista, mas sensível ao conhecimento pela experiência que a época e as viagens lhe permitem.
A sua obra é enriquecida por uma vivência sensível do sentimento e do saber, modulada na imitação dos antigos mas permeável às marcas contemporâneas de uma existência em mutação. Por isso ela se caracteriza por uma enorme complexidade, na qual sobressai a vivência aguda de tensões que comunicam ao seu lirismo uma agudeza simultaneamente experiencial e literária.
Busque Amor novas artes, novo engenho
para matar-me, e novas esquivanças;
que não pode tirar-me as esperanças,
que mal me tirará o que não tenho.Olhai de que esperanças me mantenho
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes, nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal que mata e não se vê.Que dias há que na alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como e dói não sei porquê.
© Instituto Camões, 2001