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A Língua Portuguesa


Rosto da Gramática de Fernão de Oliveira, impressa por Germam Galharde em 1536




Gramática atribuída a João de Barros, publicada em 1539

A língua portuguesa deriva do latim, língua falada na região onde ficava a Roma antiga, designada por Lácio, e que, na sua expansão, os Romanos trouxeram para outras regiões, onde, em conjunto com factores locais, evoluiu originando as línguas românicas.

O latim clássico, consagrado pelas classes cultas e pela literatura, tornou-se, com o tempo, distante da expressão falada, que aglutinava influências de ordem vária nos diversos territórios do Império Romano, assim como variedades sócio-culturais, a cujo conjunto chamou latim vulgar, que deu origem às línguas românicas e nomeadamente ao português.


Árvore da Gramática in Grammatices Rudimenta (c. 1540) de João de Barros

Gradualmente, a comunicação linguística foi-se alterando, e, em vez de se falar de facto latim, as modificações da expressão impuseram a consciência de que se tinha passado de facto a falar à "maneira românica", isto é, romanice ou romance (falar vulgar e misto, também designado romanço). Nos escritos administrativos e notariais impôs-se um conjunto de fórmulas que identificamos como latim bárbaro. A base latina recolhe também, na constituição da nossa língua, elementos celtas, gregos e hebreus, aos quais se juntaram, mais tarde, os germânicos e os árabes.
Podemos considerar três fases na evolução da língua portuguesa: proto-histórica, até ao séc. XIII (ainda muito ligada, na escrita, ao latim bárbaro), arcaica, até ao séc. XVI (onde se destaca, nos séculos XIV e XV, o galaico-português, autonomizando-se posteriormente o português em relação ao galego) e moderna, com a publicação das primeiras gramáticas, de Fernão de Oliveira, 1536, e João de Barros, 1540, e com a proliferação das obras literárias que a consagraram, e entre as quais se contam Os Lusíadas.

Consideram-se características formais da língua portuguesa, na sua fonação, os fenómenos de nasalação (queda de consoantes latinas que dão origem aos ditongos nasais, ex. -ão e -ãe, e a vogais do mesmo timbre, ex. panes>pães), vocalização (queda de consoantes latinas que dão origem a vogais, ex. regnu>reino) e palatalização (grupos de consoantes latinas que resultam nos grupos ch- e -lh-, ex. pluvia>chuva).

Rodrigues Lapa, em 1945, estudou, na sua Estilística da Língua Portuguesa, algumas potencialidades expressivas do português na comunicação e na literatura.


© Instituto Camões, 2001