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Ficção
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Na sequência do Amadis de Gaula (séc. XIV), as novelas de cavalaria proliferam ainda durante o século XVI (Crónica do Imperador Clarimundo, 1522, do futuro historiador João de Barros, Memorial das Proezas da Segunda Távola Redonda, 1567, de Jorge Ferreira de Vasconcelos, Palmeirim de Inglaterra, 1567, de Francisco de Morais); um outro tipo de ficção se desenvolve paralelamente, o da novela pastoril, cujo modelo peninsular, que rapidamente adquire ressonância europeia, a partir da Diana, 1559, escrita em espanhol, de Jorge de Montemor, que no séc. XVII ainda ecoa nas obras de Rodrigues Lobo, lírico de primeira água e autor das novelas Primavera, Pastor Peregrino e Desenganado assim como na Lusitânia Transformada de Fernão Álvares do Oriente, e nas Ribeiras do Mondego, de Elói de Souto Maior.
O séc. XVII vê também desenvolver-se a novela parenética, com Os Infortúnios Trágicos da Constante Florinda, 1633, de Gaspar Pires de Rebelo, de esquema mais tarde convertido em alegoria progressista, de acordo com os ideais do Iluminismo mas ficcionalmente similar, em obras como O Feliz Independente do Tempo e da Fortuna, 1779, do Pe. Teodoro de Almeida, de que As Aventuras de Diófanes, 1752, de Teresa Margarida da Silva e Horta prenunciavam o teor político, na senda pedagógica de Fénelon.
Mas a ficção clássica, em Portugal, emerge sobretudo, para os três séculos, com a Menina e Moça, de Bernardim Ribeiro (séc. XVI), a Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto (séc. XVII) e as Obras do Diabinho da Mão Furada, obra anónima do séc. XVIII, por vezes atribuída a António José da Silva, o Judeu.
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Nostalgia moderna de um mundo ideal perdido, em lamento amoroso (a primeira), sentido épico mas desconstruído da aventura da descoberta e da exploração do mundo físico (a segunda), deambulação picaresca pelos meandros urbanos e campesinos, de Évora a Lisboa, e sua apologia social (a última), ilustram bem a complexidade e riqueza do romance que o séc. XIX desenvolve (com a implicação subjectiva de Garrett, a urdidura passional de Camilo Castelo Branco e a panorâmica social de Eça de Queirós), e o séc. XX consagra (nomeadamente na repetitividade deceptiva de Raul Brandão, na premência do quotidiano em Aquilino Ribeiro, Vitorino Nemésio e José Cardoso Pires, ou nas deambulações do discurso da memória de António Lobo Antunes e da indagação do sentido através da articulação do homem com a ideia em José Saramago).
© Instituto Camões, 2001