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Historiografia
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Poderemos distinguir, na historiografia nacional, três tipos de produção literária, que correspondem a períodos históricos sucessivos, e com eles entram em conformidade:
os Livros de Linhagens (séc. XII-XVI, registos genealógicos das famílias nobres em que a literatura portuguesa tem a primazia, e que alternam a história com a lenda, dos quais se conservam três: o primeiro incluindo a «Lenda de Gaia», e o terceiro, da autoria de D. Pedro, Conde de Barcelos, filho bastardo de D. Dinis, incluindo uma descrição da batalha do Salado, que ficou célebre; foram publicados nos Portugaliae Monumenta Historica de Alexandre Herculano);
a produção dos cronistas (com a Crónica
Geral de Espanha, de 1344, do Conde D. Pedro de Barcelos,
e com os escritores Fernão Lopes, Gomes
Eanes de Zurara, com a Crónica da Guiné, 1453, Rui de Pina, com
a Crónica de D. João II, 1545, João de Barros, com as Décadas
da Ásia, a partir de 1552, Fernão Lopes de Castanheda, com a História
do Descobrimento e Conquista da Índia pelos Portugueses, a partir de 1551,
Damião de Góis, com a Crónica do Rei D. Manuel, a partir de
1566, e outros. É com os cronistas que ganha corpo a organização
sistematizada, por escrito, de um discurso que assume a evolução do acontecer
humano e a consciência da relevância de factos e personalidades que possam
determinar a especificidade da civilização e a necessidade do seu registo
objectivo);
e a constituição escrita da história moderna (que se inicia
durante o Romantismo, com a figura polígrafa de Alexandre Herculano, autor
da História de Portugal até D. Afonso III, na qual o autor põe em prática
uma concepção do escrito histórico obedecendo a preocupações científicas
de rigor e a uma perspectiva da evolução dos sucessos fundada na observação
das transformações sociais e não na sucessão das personalidades e dos
acontecimentos).
Assinatura autógrafa de Fernão Lopes IAN/Torre do Tombo |
Assinatura autógrafa de Gomes Eanes de Zurara IAN/Torre do Tombo |
Assinatura autógrafa de Rui de Pina IAN/Torre do Tombo |
Assinatura autógrafa de João de Barros IAN/Torre do Tom |
Assinatura autógrafa de Fernão Lopes de Castanheda IAN/Torre do Tombo |
Assinatura autógrafa de Damião de Góis IAN/Torre do Tombo |
De uma geração posterior, Oliveira
Martins (1845-1894) representa, na literatura portuguesa, a conjunção
da inspiração literária com os objectivos históricos, em obras como Portugal
Contemporâneo, 1881, e Os Filhos de D. João I, 1891; e a
diversificação progressiva, e decisiva, entre ciências históricas e
criação literária fez com que os grandes vultos da historiografia
contemporânea, de um modo geral, se afastem do que pode ser entendido, de
um modo mais restrito, como obra de literatura. |
© Instituto Camões, 2001