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Miguel Torga
(1907-1995)
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Médico em Coimbra, foi um polígrafo fecundíssimo e figura determinante na cultura portuguesa deste século, em termos não só literários mas também cívicos.
Miguel Torga, Bichos, 18.ª edição, Coimbra, 1990 |
Tangencial às tendências estéticas e ideológicas contemporâneas, desenvolveu um estilo muito pessoal na poesia (O Outro Livro de Job, 1936), na ficção (em notáveis antologias de contos, ex. Bichos) e noutros géneros, onde se destacam os 16 volumes do Diário, obra-prima das letras portuguesas.
Muito sensível ao enraizamento do ser humano no seu meio ambiente, nomeadamente na montanha, encara a relação do homem com o mundo, em luta ou harmonia, num reconhecimento da dimensão cósmica que sublinha também a vertente sagrada da existência.
«Solidão Criadora»
Dorme e sonha a meu lado
Tão alheia de mim
Que me sinto um amante abandonado...
Acordá-la?
Gritar?
O poeta é uma angústia que se cala
A cantar.
Diário - V
© Instituto Camões, 2001