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Trombetas, anafis, clarins, timbales, |
Também José Régio usa processos semelhantes aos que Proust descreve, recorrendo muitas vezes à memória para criar as suas ficções, reconstituindo ambientes, personagens, sentimentos e emoções que experimentou e lhe ficaram na lembrança desde os tempos da infância e juventude. É o caso da obra romanesca A Velha Casa, baseada, em muitos aspectos, no seu meio familiar e na qual estão ficcionados vários elementos da família. Isabel Cadete Novais, Jacob e o Anjo: a Construção do Texto Dramático em José Régio. |
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O que de todos esperara, há quanto Pois que lhes dava eu, pedindo tanto? |
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José Régio, Capas dos cinco volumes de A Velha Casa.
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Quando li o 4.º volume de A Velha Casa logo me senti seduzido pela possibilidade de uma transposição para o cinema. Manoel de Oliveira, «Projecto para a realização do filme |
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Uma aragem de Além passou nos ares, |
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Certa recordação lhe ficou dessa época; uma dessas recordações simultaneamente queridas e pungentes que, nunca mais esquecidas, gravadas fundo, para sempre tornam vivos quaisquer pormenores de há muitos anos. […] Tempo, tempo houvera em que também para ele, assim como para Maria Clara e Angelina, era aquele um dia desejado! Sempre, entre os que vinham à festa, havia uns amigos ou vagas primas de Vila do Conde que jantavam lá em casa. Por esse tempo, a casa transbordava de vida! Fazia-se arroz doce ou creme queimado. [...] Quando o creme era despejado nas grandes travessas inglesas de louça branca, rapavam o tacho de cobre, que mui de propósito Piedade deixava mal rapado. |
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Inútil tentar mais!, que não me resta |
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Desenho de José Régio: «Angelina».
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Et tout d'un coup le souvenir m'est apparu. Ce gont c'était celui du petit morceau de madeleine que le dimanche matin à Combray (parce que ce jour-là je ne sortais pas avant l'heure de la messe), quand j'allais lui dire bonjour dans sa chambre, ma tante Léonie m'offrait après l'avoir trempé dans son infusion de thé ou de tilleul. La vue de la petite madeleine ne m'avait rien rappelé avant que je n'y eusse gonté; peut-être parce que, en ayant souvent aperçu depuis, sans en manger, sur les tablettes des pâtissiers, leur image avait quitté ces jours de Combray pour se lier à d'autres plus rècents. |
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Marcel Proust, À Ia Recherche du Temps Perdu.
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[...] Gosto muito daquele longo, minucioso e múltiplo convívio que nos permitem os romances extensos à Balzac, à George Eliot, à Tolstoi [...]. Os personagens de tais romances tornam-se-nos tão reais como os nossos parentes, amigos ou inimigos; e ler torna-se-nos conviver com outra gente, viver outras aventuras, ter outras profissões, morar em outras casas, visitar outras cidades, etc.) Carta de José Régio para Miller Guerra, de 8 de Outubro de 1936.» |
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George Eliot, 1819-1880.
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Diz-me um rapaz de Lisboa que o José Gomes Ferreira dizia de A Velha Casa: «Mas aquilo é Os Thibault...». José Régio, Páginas do Diário Íntimo. |
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R. Martin du Gard, Les Thibault.
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Não é só a fecundidade na criação de figuras o que surpreende na arte de José Régio. É também a riqueza de pormenores significativos de profundo conhecimento do ambiente provinciano, seus preconceitos, sua maledicência mesquinha, sua negação dos preceitos morais. Se por vezes esta obra [Davam Grandes Passeios...] parece reproduzir o aspecto idílico de Júlio Dinis, outras vezes lembra o realismo das Novelas do Minho de Camilo Castelo Branco. |
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José Régio, Davam Grandes Passeios aos Domingos...
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O imenso apaziguamento do crepúsculo entrava pela janela aberta. Os olhos de Rosa Maria perdiam-se por esses olivais verde--cinza, esses montados, campos, hortas, que desciam, curveteavam, se espraiavam aqui e além semeados dum casinhoto branco, e depois subiam, escurecidos de arvoredo, e se iam perder nas ondas lilazes das serras longínquas, nos aguados e finíssimos azuis da névoa [...] regressava, depois, à linha remota do horizonte; e com esses esbatidos fumos da distância e essas opalinas liquescências do céu se misturava o seu sonho. José Régio, Davam Grandes Passeios aos Domingos... |
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Ao fim da tarde, depois do jantar, estavam as duas primas sentadas ao parapeito do muro da quinta, donde, por sobre almargens e pomares vizinhos, a vista se espraiava em amplíssimo horizonte até umas nuvens, que pareciam limitá-lo. […] |
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Júlio Dinis, A Morgadinha dos Canaviais.
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Como quer que fosse, o abade entrou-se de medo bem entendido, quando Irene lhe pediu que a protegesse e resgatasse da escravidão em que vivia. |
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Camilo Castelo Branco, Novelas do Minho.
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© Instituto Camões, 2007