N.º 1, Abril de 2004
Editorial
A correcção do erro
Ensinar com concordâncias
Pedagogia mediatizada
Competência em Português
Notas de leitura
Apontadores
Ficha técnica
Números publicados
N.º 1 - Abril 2004
N.º 2 - Outubro 2004
N.º 3 - Dezembro 2004
N.º 4 - Abril 2005
N.º 5 - Agosto 2005
N.º 6 - Agosto 2006

How Strange! The use of anecdotes in the development of intercultural competence
http://www.ecml.at/doccentre/researchdetail.asp?rg=1

Antoinette Grima Camilleri
European Centre for Modern Languages - Council of Europe Publishing Strasbourg, 2002 (versão em inglês e em francês)

 

How Strange!Uma polaca, de passagem em Paris, fica estupefacta quando um colega inglês quase a empurra para entrar à frente dela; em Itália, há um maltês surpreendido por ter de comprar sal numa tabacaria; e, numa pastelaria na China, uma francesa não sabe o que fazer para explicar que o gesto que fez com os dedos significa dois e não oito... Eis algumas histórias que nos fazem sorrir e às quais poderíamos acrescentar umas quantas outras, tiradas da nossa própria experiência.

É de situações tão curiosas como estas, apresentadas em relato directo, que parte o estudo referido, tomando o sentimento de estranheza suscitado por aquele tipo de situações como interessante material para desenvolver a competência intercultural na aula de língua estrangeira.

Situando-se numa linha de pesquisa com enorme relevância no quadro dos trabalhos do Conselho da Europa no domínio das línguas vivas, relacionada com a dimensão intercultural na educação linguística, o pressuposto deste estudo é o de que a chamada  aprendizagem intercultural, fazendo parte da aprendizagem de uma língua estrangeira, deve ser exercitada, desenvolvida e aperfeiçoada. A questão principal pode resumir-se assim: como é que os professores poderão ajudar os estudantes a desenvolver a sua competência intercultural? Ou, por outras palavras, como é que os estudantes podem ser mais bem preparados para viver numa sociedade multilingue, considerando que o respeito pela diversidade linguística e cultural é um valor indissociável do exercício da cidadania nas sociedades democráticas?

Para o trabalho em sala de aula, a autora adianta uma série de propostas de actividades, de carácter bastante prático, relacionadas com três aspectos essenciais ao desenvolvimento da sensibilidade intercultural, que podemos sintetizar deste modo: a flexibilidade mental, isto é, a capacidade de problematizar e de relativizar as representações de si e do outro; o empenhamento na compreensão dos valores, atitudes e experiências de outras culturas; a maleabilidade na acção, permitindo adequar o comportamento na interacção com membros de outras comunidades.

O último capítulo é dedicado ao que aqui traduziremos por abordagem narrativa e que corresponde a uma proposta original de organização do ensino/aprendizagem da competência intercultural, através de uma sequência de actividades visando a criação de uma “história”. Essa “história” pode surgir, no contexto de sala de aula, inspirada por relatos vivenciais, semelhantes aos apresentados no início do estudo. O importante é notar que se trata, no fundo, de um trabalho de criação, desde a  definição do quadro e do cenário à invenção das personagens, em que a diversidade das actividades faz entrar em jogo o desenvolvimento de um variado leque de competências.

Fica claro que a autora dá grande atenção ao trabalho a desenvolver em sala de aula, do que decorre um carácter prático que importa salientar nas propostas avançadas. Além disso, parece-nos que a própria metodologia seguida pode inspirar o professor de qualquer língua estrangeira a acrescentar outros “casos”, a reflectir sobre eles e a conceber outras actividades para o ensino da competência intercultural, em função de particularidades do contexto em que trabalhem.

Fernando Ribeiro, Instituto Camões


Portuguese – An Essential Grammar

Hutchinson, Amélia P., Lloyd, Janet
Routledge, 2003

Uma visão da gramática, ao mesmo tempo aprofundada e sucinta, Portuguese – An Essential Grammar dirige-se a estudantes de língua portuguesa, detentores de diferentes níveis de conhecimento, usando a língua inglesa como meio de comunicação e explicação.

Os conceitos gramaticais são transmitidos através de explicações concisas com exemplos elucidativos e autênticos, retirados do uso corrente da língua portuguesa, de forma a anular a constante dissociação entre o uso de uma língua e a sua gramática.

Para o “beginner”, ou aquele que inicia o estudo da língua, são fornecidas orientações para a compreensão dos conceitos; o “intermediate-advanced” encontrará o esclarecimento das suas dúvidas neste livro de referência e o “independent” ou “adult learner”, que não necessita de um ensino académico mas que estuda Português com objectivos comerciais ou turísticos, encontrará aqui ajuda para a resolução dos seus problemas.

Dividida em partes, esta segunda edição apresenta uma quarta parte, até então inexistente.

A 1a parte -“An Essential Grammar”- apresenta aspectos essencias da gramática portuguesa para exemplificar o uso da língua.

Salienta-se aqui a importância do primeiro capítulo constituindo um guia de pronúncia para o português europeu.

Na 2a parte - “Language Functions”- a gramática é contextualizada através de diálogos, cujos textos poderão igualmente ser úteis quer a alunos, quer a professores.

Para uso em sala de aula, estes textos podem servir de base a actividades de role-play, desenvolvimento de competências narrativas, análise gramatical ou exercícios de compreensão.

A 3a parte - “Brazilian variants” - apresenta as variações do português do Brasil, abordando questões como a construção sintáctica,  a ortografia e a pronúncia.

Na 4a parte são dadas informações histórico-culturais sobre a origem da língua portuguesa e seus falantes no mundo. Para além disso, há ainda a apresentação do português como expressão cultural, que se impôs ao longo dos séculos, na literatura, na música e no cinema.

No final, são indicados alguns sítios de interesse em português como motores de busca, jornais e outras páginas importantes.

Portuguese – An Essential Grammar conjuga gramática tradicional e gramática funcional e constitui um óptimo guia para a língua e a cultura portuguesas.

Regina Brasil, Instituto Camões


© Instituto Camões 2004