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Os primeiros jesuítas (padres Manuel da Nóbrega, António Pires, Leonardo Nunes, João de A. Navarro, irmãos Vicente Rodrigues e Diogo Jácome) chegaram ao Brasil no início de 1549, em companhia do primeiro Governador Tomé de Sousa. Sobre eles e a sua actividade em terras de Santa Cruz existe extensa bibliografia.
Seria longa a lista, se pretendêssemos nomear todos aqueles que lhes seguiram os passos. Serafim Leite, em apêndice ao seu Tomo I de História da Companhia de Jesus no Brasil, faz referência, até ao ano de 1578, a nada mais nada menos do que 17 expedições que integravam jesuítas, cujo destino era o Brasil. Contas feitas, e sem incluir as expedições de 1570 e 1571, as do martírio dos 52 jesuítas, o número dos jesuítas que entraram no Brasil de 1549 a 1578 terá sido de noventa.
Graças à boa organização da Companhia, podemos saber, hoje, o nome de cada um deles, a nacionalidade (havia alguns estrangeiros, embora a maioria fosse de nacionalidade portuguesa), as terras onde nasceram e faleceram. A actividade destes homens é, também ela, conhecida. Manuel da Nóbrega (1517-1570) e José de Anchieta (1534-1597) são, porventura, os nomes mais conhecidos. Mas todos eles merecem a nossa atenção, devida àqueles que, numa época de descoberta do outro, se constituíram como os protagonistas das relações entre os povos.
Aplicaram os jesuítas no Brasil os princípios que os distinguiam: entre eles, o estudo da língua e dos hábitos culturais dos autóctones. Se, num primeiro momento, necessitam de intérpretes, aos poucos, os jesuítas tornam-se autónomos nos seus contactos com os índios O padre Manuel da Nóbrega colocava, logo em 1552, em carta dirigida ao Provincial de Portugal (padre Simão Rodrigues) a seguinte questão: se se poderão confessar por intérprete a gente desta terra que não sabe falar nossa língua.
Como intérpretes e auxiliares de estudo da língua brasílica, os jesuítas saberão fazer apelo a alguns portugueses estabelecidos na Capitania de S. Vicente e na Baía antes da sua chegada e a alguns índios, entretanto convertidos ao cristianismo. João Ramalho, Diogo Álvares, Pero Correia e Manuel de Chaves (moradores de S. Vicente) serão provavelmente os mais conhecidos. Garcia de Sá e Sebastião da Ponte são os índios da Baía mais vezes citados; mas a lista dos nomes seria extensa.
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Quando, em Coimbra, por António de Mariz, se publicou a Arte de Gramatica da Lingoa mais usada na costa do Brasil Feyta pelo padre Ioseph de Anchieta da Cõpanhia de IESU (1595), há mais de trinta anos que a Arte circulava manuscrita entre os jesuítas do Brasil. Dela se serviam os membros da Companhia, que regularmente chegavam ao Brasil, na sua aprendizagem da língua tupi-guarani. Porém, o facto não dispensava os intérpretes, a que os jesuítas recorriam, por dificuldade na aprendizagem da língua ou por se depararem com novas línguas quando se embrenhavam mais para o interior do Brasil. Disto mesmo nos dará conta mais tarde o Pe. António Vieira que, apesar de conhecer a língua tupi, utilizava os serviços do intérprete e não desdenhava, mesmo assim, em apontar as dificuldades sentidas na compreensão daqueles que se expressavam nas línguas do Amazonas.
Aos primeiros jesuítas devem-se também os catecismos escritos em tupi. Resultado destes catecismos manuscritos, várias vezes revistos, deve considerar-se aquele primeiro catecismo que em Lisboa publicou Pedro Crasbeeck no ano de 1618. Nele se afirma que foi composto pelos padres bons línguas da Companhia de Jesus.
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Em finais do século XVI, encontravam-se no Brasil 172 padres e irmãos da Companhia de Jesus. O catálogo que os nomeia refere 63 destes padres e irmãos como línguas ou como aprendizes da língua (exemplo: na residência da aldeia do Espírito Santo, P. Belchior Álvares aprende a língua).
Fonte: Carta ao P. Simão Rodrigues, Baía, Agosto de 1552 (carta 17), in Manuel da Nóbrega, Cartas do Brasil e mais escritos, org. de Serafim Leite, Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 1955;
Catalogo dos P. P. e Irmãos da Provincia do Brasil em Janeiro de 600, in Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, vol. I, Lisboa, Portugália, 1938, pp. 579-584.
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