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são jerónimo e a trovoadaÉ o advento do espírito bárbaro cristão. Homens toscos, criados longe da Itália, rejeitavam as formas da arte e da beleza. São Cesário de Arles viu, em sonhos, um dragão roer-lhe um braço, que ele apoiava sobre um livro clássico. Era o dragão do mau gosto, adormecido na cabeça do Santo e acordado durante o sono do mesmo. Sim, durante o sono acordam, em nós, monstros e bichos avoengos, rastejando na sombra duma floresta negra universal, essa floresta em que todas as noites nos perdemos. E há árvores que, em nossos sonhos, florescem, como em pleno mês de Abril, e outras que se despem, de repente, numa só bátega de folhas murchas. Santo Elói, mais terrível ainda, chama poetas celerados a Homero e Vergílio, como hoje se chama burro a Vítor Hugo ou a qualquer ente que viva para além da inteligência vulpina, de que falava Carlile. E declarava nulas as obras dos gentios. Gregório, o Grande, apesar do epíteto, é da mesma opinião de Santo Elói, como Santo Isidoro de Sevilha, e outros selváticos teólogos da cabeluda Gália e da pelada Ibéria, quase arábica. No fim do século VII, a biblioteca episcopal de Toledo, capital visigótica, apenas possuía um Cícero, silencioso e esquecido, numa estante...

Teixeira de Pascoaes, São Jerónimo e a Trovoada, Lisboa: Assírio e Alvim, 1992, p. 54

| Número 2 | Fevereiro 2003 |
Editorial
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Traduzir do Inglês (1): Chest Pain
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Fernão de Ávila
Gonçalo Madeira
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Teixeira de Pascoaes
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