No Rol do Pagamento da fortaleza de Sofala, relativo ao mês de Agosto de 1510, encontram-se referenciados os nomes de João Fernandes como língua e os de Gaspar e Francisco como escravos “e negros do rei nosso senhor”, sendo atribuído o ofício de língua apenas a Francisco. Porém, nos dois meses anteriores a este, tanto Francisco como Gaspar constam do Rol, ora como línguas (Junho), ora como escravos unicamente (Julho). Quanto a João Fernandes, talvez um homem de armas a prestar serviço na fortaleza, não se encontram outras referências a pagamentos devidos pelo ofício de língua nos meses anteriores e posteriores ao mês de Agosto. Seguiremos, portanto, os trajectos de Francisco e de Gaspar.
|
|
|
|
Francisco e Gaspar são negros e escravos de D. Manuel. Na fortaleza desde Junho de 1510, devem ter permanecido em Portugal o tempo suficiente que lhes permitisse a aprendizagem do português. Em Outubro de 1510, Gaspar aparece como casado, aumentando nessa data o seu mantimento, que passa de sete alqueires de milho para dez, o que é significativo do estatuto que o casamento então conferia a quem o contraía, mesmo tratando-se de alguém desprovido de um nome de família. Francisco, por sua vez, continua a receber os sete alqueires do costume. Esta situação mantém-se durante todo o ano de 1511.
A partir de Julho de 1512, Francisco desaparece do Rol e Gaspar a partir do mês de Setembro do mesmo ano. Será necessário esperar pelo ano de 1516 para voltarmos a ter referências de línguas a prestar serviço na fortaleza de Sofala. Nessa data, a idade da fortaleza já permitia que o recrutamento para as tarefas de língua se fizesse junto dos moradores de Sofala.
C. C. P.
Fonte: Documentos sobre os Portugueses em Moçambique e na África Central, vol. II, Lisboa, Centro de Estudos Históricos Ultramarinos, 1962-1989.
|
|