Prólogo do tradutor
(...)
Mais venho declarar que achei de pôr em prática
uma humildade própria a que eu chamo de pragmática,
atenta às intenções do calmo encenador
que busca dosear som, movimento, cor
e a tensão teatral que nas palavras passa,
entre emoções, paixão, azar, pompa e desgraça,
e ouvindo as sugestões que cada actor fazia
nos ensaios de mesa enquanto o texto lia
e alguns passos cortando, até que o resultado
por esta companhia é hoje apresentado:
o que nele for bom, conforme se adivinha,
mérito é dela só; do mau, a culpa é minha.
Vasco Graça Moura
Jean Racine, Berenice, versão portuguesa de Vasco Graça Moura, Bertrand, 2005.