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Afonso de Albuquerque
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Ao lote dos línguas já nossos conhecidos que desempenharam tarefas de interpretação ao serviço de Afonso de Albuquerque, haverá que acrescentar também o nome de João Navarro. Pouco sabemos acerca deste intérprete. Todavia, alguma estima deve ter conquistado João Navarro junto do governador, chegando este a nomeá-lo em carta que dirigiu ao rei D. Manuel, datada de 4 de Dezembro de 1513 (cf. Cartas de Afonso de Albuquerque, vol. I, p. 201).
A carta trata do acordo de paz firmado com o Idalcão, assunto referido detalhadamente pelo autor dos Comentários do Grande Afonso de Albuquerque, que, aqui, nos serve de prova da existência deste intérprete:
(Afonso de Albuquerque) mandou ao Secretário que lhe trouxesse todos os papéis e cartas do idalcão; e depois de os ver, mandou chamar o seu Embaixador e disse-lhe que se o Idalcão queria ter paz e amizade com o rei de Portugal seu Senhor, que ele era disso muito contente; mas que os apontamentos que trazia não eram conformes ao que lhe o Idalcão tinha por muitas vezes escrito, e que para se declarar este negócio com ele, determinava de mandar um Embaixador em sua companhia. O Embaixador lhe respondeu que nos apontamentos não houvera mudança nenhuma; e pois queria lá mandar seu mensageiro, e havia de haver dilação no negócio, que lhe pedia muito por mercê, enquanto se falasse no conserto da paz, mandasse aos seus Capitães que largassem o porto de Dabul, e deixassem vir as naus com mercadorias e mantimentos a ele. Afonso de Albuquerque desejava tanto de tomar alguma conclusão com o Idalcão que mandou logo recado a Garcia de Sousa, que estava sobre Dabul, que largasse a navegação do Porto, não sendo mercadorias defesas; e que se os Mouros quisessem seguros para suas naus navegarem, que lhos mandassem pedir a Goa. Despachado este embaixador, mandou Afonso de Albuquerque em sua companhia, para assentar paz, Diogo Fernandes Adail de Goa, e o filho de Gil Vicente por seu escrivão, e João Navarro por língua, e seis encavalgaduras, e um Capitão da terra com vinte peões para os servirem pelo caminho.
Fonte:
Comentários do Grande Afonso de Albuquerque, vol. II, Parte III, cap. LII, pp. 265-266 (edição de 1973, da INCM, Lisboa);
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