Dicionário de Tradutores e Intérpretes de Língua Portuguesa
João Rodrigues de Sá

| Número 1 | Maio 2002 |

Artigo
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Dicionário de tradutores e
intérpretes de Língua Portuguesa
. João Garrido
. João Rodrigues de Sá

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(clique na imagem acima para ver ampliação)
Garcia de Resende, Livro das Obras de Garcia de Resende (pormenor), Évora, 1554.

João Rodrigues de Sá é um dos poetas incluídos por Garcia de Resende no Cancioneiro Geral (1516). João Rodrigues de Sá surge no Cancioneiro enquanto poeta e enquanto tradutor.

No poema “A Dom Pedro d’Almeida, mandando-lhe mostrar a epístola de Dido a Eneas”, João Rodrigues de Sá refere expressamente uma das suas traduções. Trata-se de um dos primeiros textos sobre a tradução produzido por autor português. Neste texto, a tradução é comparada à “mulher amansada” (última estrofe); a ‘modéstia’ do tradutor também está presente, quando afirma: quam mal ensinei Dido / a falar portugues”.

João Rodrigues de Sá terá vivido entre o final do século XV e o início do século XVI. O seu interesse pelos clássicos deverá permitir-nos colocar este tradutor no conjunto dos nossos primeiros Humanistas.

Fonte: Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, ed. de Aida Fernanda Dias, Lisboa: INCM, 1990-1993, volume II, pp. 453-454

A Dom Pedro d’Almeida, mandando-lhe mostrar
A epístola de Dido a Eneas

Eu fico, senhor, corrido,

porque sei que vos rirês

de quam mal ensinei Dido

a falar portugues.

Trabalhei mui bem meu giro,

trabalhei porem em vãao,

porque ela era de Tiro

e bem sabeis dond’eu sãao.

 

Ouvidio nos servia

de turgimão por latim,

o qu’eu menos entendia

do qu’ela entendia a mim.

Disso pouco que souber

vos podereis contentar

e por vós podeis julgar

que nunca vos vi molher

que podesseis amansar.

 

João Rodrigues de Sá

In Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, ed. de Ainda Fernanda Dias, Lisboa: INCM, 1990-1993, volume II, pp. 453-454


Carlos Castilho Pais

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